
O Cremers, órgão que representa os médicos no Rio Grande do Sul, informou nesta sexta-feira (13) que vai abrir uma sindicância para apurar o caso do médico Bruno Gossler Schmidt, preso em flagrante pela Polícia Federal na quinta (12) por armazenar e compartilhar pornografia infantil.
O médico de 27 anos atuava na Residência em Pediatria da Residência Médica da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), no Hospital de Clínicas de o Fundo. Conforme a Polícia Federal, o material foi rastreado a partir de alerta de agentes canadenses. Não há informações sobre a origem do conteúdo criminoso.
"Trata-se de denúncia de extrema gravidade, que fere os princípios éticos fundamentais que regem a atuação médica. O Conselho não foi oficialmente intimado, mas será aberta sindicância para investigar os fatos, assim como procedimento istrativo", disse a entidade médica.
Segundo o Cremers, as "sanções cabíveis" serão aplicadas de acordo com o Código de Processo Ético-Profissional, caso a denúncia seja confirmada.
— Não vejo outra opção se não a cassação do registro profissional nesse caso — disse o vice-presidente do Cremers, Eduardo Neubarth Trindade, em caso de confirmação do crime.
Schmidt foi preso em flagrante em meio a Operação Moloch, que visa repreender crimes de divulgação e armazenamento de material contendo abuso sexual infantojuvenil.
Durante a investigação, os agentes identificaram que os IPs de onde partiu o conteúdo criminoso direcionavam a Uruguaiana, onde o médico morava anteriormente. Ele se mudou a o Fundo para realizar a residência médica.
Em nota, o advogado que representa o médico, Gilvan Hansen Júnior, informou que o processo tramita sob sigilo de Justiça e aguarda a conclusão da investigação para eventual manifestação. Segundo ele, Schmidt ou por audiência de custódia e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva. A defesa deve ingressar com pedido de habeas corpus.
O que diz o Hospital de Clínicas e UFFS

Em nota a GZH, o Hospital de Clínicas de o Fundo declarou que não foi informado oficialmente sobre o caso e que tomou conhecimento através da imprensa, mas encaminha as providências necessárias.
A UFFS, por sua vez, informou que não foi procurada ou notificada pelos órgãos competentes sobre o assunto, mas que fica à disposição das autoridades para eventuais esclarecimentos. Também informou que, se confirmadas as acusações, tomará todas as medidas cabíveis. Leia a nota da instituição na íntegra:
"A Universidade Federal da Fronteira Sul vem a público manifestar-se sobre as informações veiculadas na imprensa acerca da prisão em flagrante de um médico residente que realiza Programa de Residência Médica na Instituição e que pode estar envolvido em possível prática de crime. Em atenção à imprensa e à sociedade, esclarecemos que:
A Universidade ainda não foi procurada ou notificada pelos órgãos competentes sobre o assunto, mas, desde já, está à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento;
As investigações dessa natureza correm sob segredo de justiça, e a Universidade, enquanto órgão público, tem o dever de seguir os princípios legais e de sigilo, não sendo permitido à Instituição interferir na apuração e no julgamento dos fatos, que serão realizados nas instâncias competentes;
A Universidade acompanha atentamente o desdobramento do caso e, em se confirmando as hipóteses aventadas, tomará todas as medidas que estiverem sob sua alçada;
A Universidade repudia de forma veemente atos de violência que atentem contra os direitos humanos, sejam individuais ou coletivos".